quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Congresso Brasileiro de Geoquímica

O XIII Congresso Brasileiro de Geoquímica e o III Simpósio de Geoquímica dos Países do MERCOSUL se realizarão em Gramado, RS no período de 9 a 14 de outubro de 2011. Os temas têm grande amplitude e abrangem os seguintes temas de interesse: Litogeoquímica; Exploração Mineral e Prospecção Geoquímica; Geoquímica de Depósitos Minerais; Geoquímica Isotópica; Geoquímica Orgânica (petróleo, carvão e gás); Geoquímica Ambiental; Biogeoquímica; Hidrogeoquímica; Glacioquímica e Química da Atmosfera; Geoquímica do Vinho; Geoquímica Analítica; Geoquímica Experimental; Geoquímica e Educação.

http://www.ufrgs.br/13cbgq/co.html

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Saludos desde la Puna

Estou há alguns dias em San Antonio de los Cobres, Província de Salta, Argentina, assistindo a um espetacular curso de vulcanologia nos Andes Centrais ministrado por professores da Universidade Nacional de Salta e convidados.







Professores com altíssima capacitação e experiência, muito boa organização e um roteiro com afloramentos e ambientes sem igual com exemplos espetaculares de base surges, block-and-ash flows, ignimbritos e lavas. (procure o vulcão Tuzgle no Google Earth). Um  curso de campo muito necessário e adequado para quem está participando do mapeamento geológico do Grupo Serra Geral.








Sem dúvida um dos melhores cursos de campo que já tive a oportunidade de assistir, junto com trinta e cinco estudantes da Argentina, Brasil, Bolivia, Peru, México e Estados Unidos.




Como ninguém é de ferro, exceto o Martín, na semana anterior Ani e eu estivemos em Salta e fomos a Cafayate conhecer a região produtora e provar os vinhos Torrontés (espetaculares brancos secos frutados).







Num belvedere da Quebrada de las Conchas, encontrei uma placa com a frase do grande cantor e compositor argentino Atahualpa Yupanqui que está abaixo. Nada mais verdadeira a mensagem desse genial cantor e compositor argentino, especialmente para geólogos. "Para el que mira sin ver, la tierra es tierra no más" (Para aquele que olha sem ver, a terra é nada mais que terra.)
Continuarei numa próxima postagem, pois já são quase 1:00 de domingo. Amanhã é dia de campo o que a 4.000 metros de altitude e umidade de 10%, é dureza.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Qualidade dos dados em prospecção geoquímica

No Brasil, a responsabilidade pela coleta de amostras de prospecção geoquímica, principalmente as de sedimentos fluviais, é delegada a pessoal com pouca experiência e até mesmo a prospectores superficialmente treinados. Em alguns países, essa tarefa é desempenhada pelos geólogos do projeto, tal é a importância que é dado a esse trabalho.
Em qualquer circunstância, o geólogo responsável por um projeto de prospecção mineral, deve assumir uma função de fiscalização e treinamento constantes de suas equipes, em especial e principalmente quando se trata da coleta de amostras de sedimentos fluviais, que eu considero as mais importantes do processo de prospecção geoquímica. A questão fica ainda mais crítica quando o serviço de coleta de amostras é "terceirizado" e entregue a uma empresa contratada.
É necessário ter sempre em mente que uma amostra de sedimentos fluviais representa uma bacia e não o local de coleta. Desse modo, uma amostra de sedimentos fluviais adquire uma importância individual muito grande, pois dentro de apenas uma bacia hidrográfica - mesmo que seja uma micro bacia - pode existir um depósito mineral. Dependendo da qualidade dos dados produzidos, o depósito pode ser identificado ou não. Por outro lado, uma anomalia geoquímica pode ser produzida pela soma dos erros amostrais, analíticos e aleatórios, induzindo ao erro da presença de um alvo exploratório inexistente, ou seja um falso positivo.

Fica assim claríssima a necessidade do investimento nos procedimentos de controle de qualidade nos projetos de prospecção geoquímica, que passam obrigatoriamente por três ítens básicos:

(1) controle do desempenho do laboratório ao longo do tempo - monitorado por séries de amostras padrão;
(2) controle dos procedimentos de coleta de amostras - avaliado por pares de amostras originais e replicatas;
(3) controle dos procedimentos de precisão analítica - avaliado por pares de amostras originais e duplicatas.

Não importa se o laboratório contratado  é de qualidade reconhecida e certificado internacionalmente - é necessário fiscalizar seu desempenho ao longo do tempo. Não importa se o seu amostrador é de confiança - é necessário monitorar seus procedimentos constantemente
Os erros que acontecem num banco de dados de prospecção geoquímica são o resultado do somatório de erros amostrais, analiticos e aleatórios. Se em cada amostra tivermos uma imprecisão de 15% em cada termo dessa equação, imagine a dimensão do erro final.
Por esse mnotivo eu insisto: o controle da qualidade deve ser uma busca diária e constante.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Troca de dados por taxas

Recebi de um colega uma idéia de redução do montante das taxas pagas pelas empresas ao DNPM pela troca com os dados de exploração.
Após utilizados em benefício de seus projetos, as empresas poderiam entregar seus bancos de dados geoquímicos, geofísicos e de sondagens que passariam a integrar um grande banco de dados nacional.
Esses dados sofreriam uma rígida crítica quanto a posicionamento e veracidade (mediante a apresentação dos boletins analíticos e dos resultados originais dos levantamentos e sondagens emitidos pelas empresas prestadoras de serviços) e teriam um formato pré estabelecido para serem agregados a esse grande banco de dados nacional.
Assim, na medida em que uma área já pesquisada e abandonada pelo detentor, despertasse atenção de outro interessado, os dados produzidos e arquivados serviriam de referência inicial para os novos trabalhos.
Esses dados seriam avaliados com base no valor de mercado, que seria creditado numa conta da empresa produzindo uma redução significativa das taxas e tributos relativos à manutenção de áreas para pesquisa mineral.

Me pareceu uma excelente idéia para todos os atores envolvidos.

Curso de Tratamento de Dados

Passei a semana de 18 a 22 de outubro em Belo Horizonte, ministrando um curso patrocinado pela ADIMB - Agência Para o Desenvolvimento da Indústria Mineral Brasileira, para 24 geólogos e técnicos de empresas privadas de grande médio e pequeno porte e orgãos estatais. Tentei equilibrar as aulas expositivas com as aulas práticas, de forma a dar uma visão geral sobre técnicas de tratamento e representação gráfica de dados de exploração geoquímica e também técnicas de controle de qualidade. Considero que houve uma boa troca de experiências. Pelo menos eu aprendi bastante com as questões práticas e problemas de campo apresentados e discutidos pelos alunos.
Re-encontrei  um colega, hoje gerente de exploração de uma empresa privada, que me prometeu recuperar informações e resultados sobre o uso de termiteiros em exploração geoquímica  para postar aqui nesse blog. Vamos aguardar por esse material pois são experiências enriquecedoras e pouco divulgadas.

sábado, 16 de outubro de 2010

Olha o Centro-Oeste aí, minha gente !

A propósito de técnicas não convencionais de exploração geoquímica, encontrei um resumo interessante sobre a utilização de amostragem de termiteiros para exploração de ouro na África Ocidental. O primeiro autor, Claude Roquin foi meu orientador no estágio que fiz em 1992 no Centro de Geoquimica da Superfície na Universidade Louis Pasteur em Strasbourg. Seus co-autores são todos "da pesada": Ph. Freyssinet, A. Novikoff e Y.Tardy. Foi publicado no Boletim do BRGM que reportou os principais resultados científicos e tecnológicos do BRGM em 1990-1991. Aqui vai um pequeno resumo de "Géochimie des termitières et des sols sur cuirasse: application à la prospection géochimique de l'or en Afrique de l'Ouest".
Na Africa Ocidental, os termiteiros são muito frequentes e estudos recentes mostram que eles desempenham um papel importante na pedogênese dos perfis lateríticos. Os termiteiros que sobressaem do solo, são geralmente construidos a partir de materiais argilosos, siltosos ou arenosos finos, recolhidos em profundidade e trazidos à superfície. Nos platôs com couraças lateríticas, a fonte principal de material fino se encontra a vários metros de profundidade, abaixo da couraça, na região do saprolito. Os termiteiros são erodidos, seu material é lixiviado nas estações chuvosas, transportado e redepositado nas depressões da topografia. O processo de dispersão mecânica e o de formação de solos argilo-siltosos foram postos em evidência no estudo comparativo com materiais diferentes (saprolito e solos de termiteiros) na região de kangaba, Mali.
Esse modelo de dispersão em ambiente laterítico foi estudado nas vizinhanças de uma mineralização aurífera, com o objetivo de testar a representatividade da composição química dos termiteiros, assim como a sua viabilidade de uso no conjunto de técnicas de prospecção geoquimica em ambiente de couraças lateríticas.
Os termiteiros foram amostrados em uma área de 1 km2, em malha de 100 x 50 m, que se superpôs a uma campanha precedente de prospecção geoquímica de solos e couraças. Dois tipos de termiteiros foram identificados:
(a) grandes termiteiros conicos (> 1 m de altura) chamados de termiteiros catedral, mais frequentes nas zonas florestadas e correspondendo ao gênero Macrotermes







 (b) os termiteiros cogumelos, mais comumente atribuídos ao gênero Cubitermes.






(Imagem de  http://www.animalpicturesarchive.com/ArchOLD-2/1108831545.jpg)

A comparação dos dois tipos de termiteiros mostra um teor de C orgânico mais importante nos do gênero Cubitermes, o que se traduz igualmente em teores de P2O5 mais elevados. A posição geomorfológica constitui, da mesma forma, um fator de diferenciação: os termiteiros amostrados nas porções elevadas dos platôs, são mais ricos em caulinita (55%) e em óxidos de ferro (10%) e empobrecidas em quartzo (35%) em comparação com os terrmiteiros situados nas zonas argilo-siltosas das depressões (caolinita = 20%, óxidos de ferro = 3%, quartzo = 75%). Esse fenômeno se observa nas cartas geoquímicas, de um gradiente de composição química dos termiteiros relacionado com a altitude e a geomorfologia. Uma grande quantidade de elementos traço está associada à caolinita e óxidos de ferro (K, Ba, Cr, V, As, Cu, P, Sr, Zn, Mn) variando ao contrario do quartzo e Zr. Outros elementos  (Ti, Co, Y, Nb e Ce) são independentes e se enriquecem nas zonas de incisão da couraça.
A comparação das imagens geoquímicas obtidas a partir das amostras de termiteiros e de solos, mostram que o corpo mineralizado sob a couraça fica melhor caracterizado pelos teores anômalos de Au e As nos termiteiros quando comparados com os da couraça. Outros elementos (B, K, Ba, Sr, Cd, Pb, Cu) também mostram anomalias nos termiteiros ao redor da mineralização. O halo de dispersão é mais amplo e melhor contrastado nos termiteiros comparados com as couraças. Os teores de Au são mais regulares mostrando também uma redução do efeito pepita.

Eu gostaria muito de postar um  relato com a experiência de algum leitor sobre esse tema.

domingo, 3 de outubro de 2010

Livros ...

É ainda possível chorar sobre as páginas de um livro, mas não se pode derramar lágrimas sobre um disco rígido.

José Saramago (1922 - 2010)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Prospecção hidrogeoquímica no século XVI

Vannoccio Vincenzio Austino Luca Biringuccio nasceu em Siena em 1480 e faleceu em Roma em 1539. Era apadrinhado da familia burguesa Petrucci de Siena. Ainda jovem, viajou pelos territórios que 250 anos depois seriam a Itália e a Alemanha, e visitou as fundições de latão e bronze de Milão. Ao retornar, foi enviado por Pandolfo Petrucci para dirigir as minas de ferro de Boccheggiano na Toscana. Na revolta popular ocorrida em Siena em  1515, Biringuccio e o ourives Francesco Castori foram acusados de alterar a composição da liga das moedas. Fugiu para Nápoles para não ser preso. Com a interferência do Papa Clemente VII, conseguiu retornar a Siena, onde recebeu o monopólio de produção do sal petrae (KNO3), nitrato natural usado na fabricação de pólvora e na metalurgia. Muitos anos e algumas batalhas depois, em 1536 ele tornou-se o superintendente da fundição e diretor das munições do Papa Paulo III.

No livro De la Pirotechnia,  que é considerado o primeiro manual da metalurgia e fundição ocidental, e que foi publicado em 1540, após sua morte, ele resumiu todo o seu conhecimento prático e teórico. Mas como cabe a todo "cara" genial, além de preocupar com o beneficiamento dos metais ele detalhou no "Prefácio ao Primeiro Livro" a forma de ocorrência dos minérios e algumas técnicas para encontrá-los. Esse texto com 13 páginas, denominado "Quanto a localização dos minérios" contém preciosidades, algumas delas estão abaixo (numa tradução livre) : 

 "(...) segundo bons pesquisadores, minérios são encontrados em muitas partes do mundo. Geralmente eles se mostram como as veias de sangue no corpo dos animais, ou os ramos das árvores que se espalham em todas as direções. Na verdade, pesquisadores cuidadosos dos minerais, desejando fazer uma analogia, de como os minérios se localizam nas montanhas, desenham uma grande árvore com muitos galhos, plantada na base da montanha. Do tronco se estendem diversos ramos, uns finos outros grossos, exatamente como nas árvores de uma floresta. Eles pensam que eles crescem e aumentam continuamente em direção ao céu, convertendo à sua natureza todos os materiais vizinhos e inúteis, de forma que finalmente as pontas chegam ao cume da montanha e emergem com claros sinais, e ao invés de folhas e flores, emanam  fumosidades azuis e verdes, marcassitas com pequenos veios de minerais pesados ou outras composições e tinturas." 

"(...) você procurará nas vertentes dos vales, nos pedaços quebrados de rochas, nas cristas e nos picos das montanhas e também nos leitos e cursos dos rios; e olhando nas suas areias ou entre as ruinas dos diques e valos, onde geralmente aparecem as marcassitas ou pequenos fragmentos de minérios ou outras tinturas metálicas, facilmente você terá indicações a partir dessas coisas que certamente existirá minério nesses locais. Exatamente onde ele está, deverá ser definido pela cuidadosa observação das escavações à medida que elas forem sendo abertas."

"(...) Existem alguns que consideram como um bom sinal, certos resíduos que as águas deixam onde estão paradas ou depois de terem repousado por alguns dias; frequentemente aquecidas pelos raios do sol, algumas partes desses resíduos mostram diversas tintas de substâncias metálicas. Há outros que colhem essa água e provocam sua evaporação ou a secam totalmente por aquecimento em um vaso de cerâmica, vidro ou outro material, e então testam o material terroso que restou no fundo, pelo sabor, por simples análise de fusão, ou por outro modo que lhes agrade. Desse modo (muito embora  não tenham uma prova exata) eles tem um conhecimento aproximado da coisa."

Meus caros, estamos falando de século XVI ! Me impressiona nessas descrições, o conhecimento dos processos de migração e dispersão de metais dissolvidos nas águas superficiais e subterrâneas e que as técnicas de prospecção hidrogeoquímica já eram usadas com freqüência e até com certa sofisticação analítica. Daí para a espectrometria de massa por plasma induzido "foi um pulinho" !

O meu exemplar do De La Pirotechnia, é uma tradução de Cyril Smith e Martha Gnudi, edição de 1942 da Basic Books, Inc. tem 477 páginas e foi comprado na Amazon.com pela "fortuna" de US$ 16,50

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Mercado de trabalho

Recebi uma mensagem de uma estudante de geologia perguntando sobre mercado de trabalho relacionado com geoquímica, qual dos campos de especialidade da geoquímica favorece a realização de trabalhos de campo e como está o mercado de trabalho na geoquímica de exploração mineral e qual é o perfil de um geoquímico de prospecção mineral. Achei que a resposta que enviei poderia interessar a outros estudantes e resolvi postá-la.
Os campos de atuação em geoquímica são extremamente diversificados, pois vão desde a litogeoquímica fundamental, a geoquímica isotópica, a hidrogeoquímica,  o diagnóstico e monitoramento ambiental, a exploração de depósitos de óleo e gás e de metais.
A questão dos trabalhos de campo é difícil de responder, pois depende de muitas variáveis como o escopo do projeto, a dimensão e composição da equipe e a própria personalidade do profissional.

A receita de um geoquímico de prospecção mineral é: 250 g de geoquímica fundamental, uma colherada de metalogênese, um copo de operação de SIG,  uma xícara de química analítica, muitas pitadas de estatística, pedologia e geomorfologia, uma boa experiência de campo que lhe dê a capacidade de enxergar o geral e identificar os detalhes, e a capacidade de propor e testar novas técnicas para melhorar o poder de discriminação da prospecção geoquímica. Coloque tudo isso na batedeira por uns 5 anos. Despeje cuidadosamente numa forma que tenha sido previamente lavada com uma boa cerveja. Leve ao sol por no mínimo 15 anos e quando aparecer uma casca dura, está pronto para usar.
Se você quiser uma análise mais séria dessa questão veja o texto postado nesse blog em 28 de novembro de 2009.

Me parece que o mercado de trabalho  está em expansão, pois as empresas de exploração mineral estão muito ativas no Brasil e no exterior. Infelizmente  os levantamentos geoquímicos regionais e o nacional, que seriam capazes de criar novas bases para a exploração mineral no Brasil ampliando muito o mercado de trabalho para geoquímicos de prospecção, foram relegados a um papel secundário pela maioria dos orgãos de governo federal e estaduais, salvo honrosas exceções como a Mineropar.

(Imagem: Capa do livro Receitas de Dona Benta - Companhia Editora Nacional, São Paulo)

sábado, 7 de agosto de 2010

Projeto Geomedicina no Paraná

As aplicações mais impressionantes dos resultados de levantamentos geoquímicos (não todos, é verdade) acontecem na geomedicina e a geologia médica. Eu tenho o orgulho de fazer parte da equipe do Projeto Geomedicina no Paraná.
Esse projeto é o resultado da visão de um médico excepcional, Dr. Bonald Figueiredo, coordenador científico do Instituto Pelé-Pequeno Príncipe com apoio de uma grande equipe de médicos, geólogos, informáticos, técnicos de laboratório. Esse Instituto que se dedica à pesquisa da saúde da criança e do adolescente, é o resultado feliz da associação do Hospital Pequeno Príncipe, um dos maiores e melhores hospitais pediátricos da América Latina, localizado em Curitiba, com a marca Pelé, elemento poderoso na captação de recursos financeiros.
O Dr. Bonald pesquisa há muitos anos a mutação do gene que dá origem ao tumor de cortex adrenal, que  nas crianças do Paraná tem uma incidência muitas vezes superior a outras regiões do mundo onde é pesquisado e notificado. O diagnóstico precoce da mutação é importantíssimo para o acompanhamento e o tratamento, de forma a evitar os problemas e sequelas na adolescência e na vida adulta.
Minha partipação nesse projeto se dá pela coordenação e execução de um levantamento geoquímico em todo território do Paraná, com 740 estações de amostragem onde são coletadas informações e medidas no próprio local bam como diversos tipos de amostras de água e sedimentos fluviais, que darão o suporte da geoquímica ambiental para a pesquisa das relações de causa-efeito de moléstias. Alguma anomalias geoquímicas podem despertar a atenção de médicos para problemas ainda não estudados mas cuja etiologia seja ambiental. Nos próximos dias vou postar um texto sobre esse levantamento geoquímico que está sendo executado pela equipe da Mineropar - Serviço Geológico do Paraná com a cooperação do Serviço Geológico Nacional - CPRM.
O site do IPPP contém algumas apresentações (um pouco desatualizadas) mas que dão uma boa idéia da abrangência e poder do nosso Projeto Geomedicina no Paraná.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Reencontros

À direita você encontrará o quadro "Geólogos brasileiros" onde estão os links para as relações geólogos graduados nos cursos de geologia de universidades brasileiras.
Aproveite para relembrar os colegas e marcar um encontro de sua turma para o final de 2011.
Se a sua universidade não tem uma relação disponível na internet, reclame com a secretaria do Curso de Geologia. Se você tiver um link para incluir, mande uma mensagem para olicht@yahoo.com.br

domingo, 1 de agosto de 2010

Comportamento de metais ao redor de depósitos minerais

Volto à cena, depois de um mês "fora do ar". As frequentes campanhas de campo no mapeamento geológico do Grupo Serra Geral impedem que eu consiga postar matérias com maior freqüência.
 
Uma pergunta que sempre desperta o interesse nos gequímicos de exploração é "como se comportam os metais nas vizinhanças de depósitos minerais ?". Esse comportamento tem influência direta em diversos aspectos da exploração geoquímica, quando busca-se otimizar processos para maximizar a resposta de mineralizações.  A maximização da resposta pode ser também compreendida como a acentuação do contraste entre áreas mineralizadas e áreas estéreis (ou não produtivas) envolventes. A seleção de diversos fatores, interfere não apenas na acentuação dos contrastes (o que facilitará a caracterização do alvo de interesse) mas também na economicidade de uma campanha de exploração geoquímica.
 
Densidade amostral - campanhas superdimensionadas (com densidade amostral excessiva) custarão caro demais e as campanhas subdimensionadas (densidade amostral rarefeita) poderão não detectar o alvo.
 
Fração granulométrica - de maneira geral, os metais solúveis concentram-se nas frações finas (menores que silte) e os metais resistentes comportam-se como resistatos concentrando-se nas frações pesadas.
 
Ataques químicos ou aberturas - ataques fortes ou fusões indicarão o teor total do metal, mesmo aquela parcela não relacionada com a mineralização. Ataques parciais ou seletivos indicarão o teor do metal que está associado com a matéria orgânica, com os óxidos de Fe e/ou Mn, ou em fase sulfetada
 
Técnica de determinação - atualmente a maioria dos metais de interesse é determinada por espectrometria de massa com plasma por indução (ICP-MS), mas muitos dos elementos importantes têm técnicas específicas como eletrodo de íon específico, e fluorescencia de raios X
 
Limites inferiores de detecção - se o procedimento analítico for mal especificado, corremos o risco de receber do laboratório muitas páginas de boletins de resultados recheadas de valores, p.ex. < 5 ppm.
 
Por esses motivos, são fundamentais os trabalhos como "Behaviour of base metals around ore deposits: application to geochemical prospecting in temperate climates" de E. Wilhelm, L. Laville-Timsit, M. Leleau, F. Cachau-Herreillat e H. Capdecomme, publicado nos anais do Geochemical Exploration 1978, Golden, Colorado. É o seguinte o resumo desse artigo:
A dispersão secundária dos metais-base foi seguida nas vizinhanças de depósitos minerais, todos nas condições de clima temperado da França, por meio da coleta e análise de diversos tipos de amostras, como: rocha sã e intemperisada, solo, sedimentos e águas fluviais, concentrados de bateia. Esse programa de amostragem investigou completamente o processo de dispersão desde os materiais primários até os materiais transportados em solução pelas correntes.
A amostras foram fracionadas por diversoas técnicas como granulométricas, densidade, e separação magnética e analisadas para diversos elementos. As frações mineralógicas obtidas foram examinadas por microscopia óptica, microssonda e difração de raios X.
As fases principais que contêm os metais usualmente analisados em amostras de prospecção geoquímica, são:
  • hidróxidos de Fe, as vezes associados com Mn; em zonas anômalas, geralmente mais que 50% do conteúdo metálico está presente nessa fase;
  • minerais primários e supérgenos;
  • matéria orgânica ligada ao Fe.
 Em todos os casos, a fração "hidróxido de Fe" que está diretamente relacionada com o intemperismo dos sulfetos (gossans), aparece nas rochas ainda nos primeiros estágios da alteração superficial. A fração de hidróxido de Fe é então mecanicamente dispersada e diluída nos produtos estéreis, porém ainda predomina na definição das anomalias geoquímicas.
Essa informação leva ao aperfeiçoamento dos métodos de exploração geoquímica. Por exemplo, a fase "hidróxido de Fe" pode ser separada por suas propriedades paramagnéticas; sua análise mostra um crescimento significativo nos teores de metais dos valores anômalos (x4) assim como no contraste das anomalias (x3). Infelizmente, nota-se apenas um leve crescimento na dimensão das anomalias.
Em comparação com os métodos tradicionais de análise da fração fina completa, a melhor definição e seleção de anomalias significativas obtidas com essa análise parcial permitem adotar uma malha de amostragem menos densa. Essa melhoria significativa deve ser no entanto, comparada com o aumento do custo de preparação e análise das amostras, com relação as frações convencionais.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Mapeamento geoquímico em áreas com cobertura laterítica

Para os incréus, descrentes e correlatos, quanto a utilidade dos levantamentos geoquímicos multielementares de baixa densidade para delimitar áreas potenciais para exploração mineral em ambientes tropicais, aí vai mais um "direto no queixo". Um interessante e muito esclarecedor estudo de mapeamento geoquímico em área tropical com cobertura laterítica intitulado Soil and Stream Sediment Based Geochemical Mapping: A Case Study in Goa foi publicado por D. Purushothaman, J. P. Mohakul, Asit Saha, K. T. Vidyadharan e N. Rajendran no Journal of Geological Society of India Vol.73, June 2009, pp.744-746.
Esse estudo foi realizado em 1994-96 cobrindo os 3.700 km2 do estado de Goa, com o objetivo de preparar mapas geoquímicos multielementares para selecionar em escala regional, areas prioritárias para exploração mineral. O motivo de interesse nessa pesquisa é que 65% da área está coberta por uma espessa cobertura laterítica.
200 amostras de solo/laterita foram analisadas para 34 elementos (incluindo ETR) por ICP-MS; 502 amostras de sedimentos fluviais foram analisadas para Cu, Pb, Zn, Ni e Co por AAS e 152 amostras de sedimentos fluviais da região meridional  foram analisadas para Au por AAS (MIBK).
A grande dificuldade do mapeamento geológico em regiões com cobertura laterítica é a máxima limitação à observação direta por escassez de afloramentos.
O mapeamento geoquímico de Goa trouxe à luz diversas áreas com assinaturas de rochas ultramáficas francamente encobertas pela laterita. Os eixos geoquimicos de Nb-Ta e lineamentos de alto teor de Pb foram identificados pela primeira vez.
Como os autores concluem, as assinaturas e estruturas geoquímicas regionais são apenas um "apontador" para trabalhos detalhados na procura de mineralização.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Primeiros passos da prospecção hidrogeoquímica

Em 1946, E.A. Sergeev publicou Análises de água como meio de prospecção de depósitos minerais metálicos. O artigo original foi publicado no Razvedka Nedr, evidentemente em russo. Consegui com o David Smith, geoquímico do USGS, uma tradução de H.E. Hawkes publicada pelo USGS em fevereiro de 1950. Muitos conceitos básicos da hidrogeoquímica de exploração foram descritos e antecipados nesse artigo.

Aí estão alguns trechos interessantes:
"O campo da dispersão é constituído por áreas de dispersão normal, "halos de dispersão" local que se localizam imediatamente ao lado dos depósitos minerais e "caudas (trains) de dispersão" que se desenvolvem fora dos halos, onde os produtos do inteperismo do minério entram na drenagem superficial. A movimentação do material no campo da dispersão é acompanhado, às vezes,  pela formação de concentrações secundárias de minerais precipitados por processos químicos ou mecânicos. Entretanto, a tendência geral é pela dispersão ao invés de concentração. (...) Os métodos aluviais de prospecção de certos tipos de minérios são baseados essencialmente na observação dos trains de dispersão de minerais pesados e resistentes como cassiterita, wolframita, ouro e platina. Infelizmente esse método extremamente efetivo só pode ser utilizado para um pequeno grupo de minerais. Depósitos de cobre, polimetálicos e niquel  não se incluem nesse grupo e para eles não existe um sistema análogo de exploração.  Não há uma razão fundamental, entretanto, porque um método algo semelhante não possa ser desenvolvido para os metais citados, baseado na observação dos trains de dispersão dos materiais solúveis. A natureza geoquímica desses elementos fornece uma boa base para tal método. A teoria é a seguinte: a água vadosa percolando a zona de saturação, entra em contato com o depósito mineral em processo de oxidação e se enriquece nos produtos solúveis do intemperismo. A água pode ser descarregada nos cursos d'água que drenam a área. Se a rede hidrográfica for suficientemente bem desenvolvida, podemos esperar encontrar concentrações detectáveis de metais-minério dissolvidos na água. Analisando sistematicamente a água fluvial, da foz até as cabeceiras, poderemos encontrar a origem das água ricas em metais. (...) Em 1941, A.A. Reznikov, hidrogeoquímico pesquisador do VSEGEI (Instituto de Geologia da União Soviética) propôs um método original de análises de água para um grupo de metais pesados (Cu, Zn, Cd, Pb, Co). Esse método se caracteriza tanto pela alta sensitividade quanto por sua relativa simplicidade. A essência do método consiste na extração dos cátions acima citados de um grande volume de água por um reagente dissolvido em um pequeno volume de tetracloreto de carbono. Sob condições de laboratório a sensitividade é suficiente para detectar 1 x 10 -6 % Me (...) com esse método o autor  investigou em 1941 as águas de diversas áreas com mineralizações polimetálicas (...) nos Montes Altai - depósitos Zavoidin e Berezov."
Os teores a montante da mineralização de Berezov - que representam os teores de fundo ou "background" - oscilam ao redor de 0,02 mg/L; logo a jusante da mineralização, saltam para 1,29 mg/L e vão decaindo suavemente por 2.500 metros até alcançar novamente o teor de fundo.
Meu breve comentário: Quando bem planejada, executada e interpretada - sem invenções ou erros absurdos - a exploração geoquímica é simples e eficiente!

Foto: córrego próximo da Jazida Santa Maria, a poucos quilômetros das Minas do Camaquã, RS. (Otavio A. B. Licht, 11/12/2008)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Cinzas do Eyjafjallajokull

Descobri no Flickr algumas raras fotos da cinza vulcânica do Eyjafjallajokull  feitas pelo inglês Ian Russel, um curioso amador.
.Em abril de 2010, ele coletou a poeira que se depositou sobre seu carro no auge da erupção
 Levou ao microscópio e fotografou.

Na foto da esquerda o aumento é de 400 vezes e na da direita é de 200 vezes.

Concordo que a técnica de coleta da amostra é criticável pois até alguns grãos de pólem aparecem na foto da direita e que o equipamento utilizado não é o melhor possível, mas as fotos ficaram muito boas

Fonte: http://www.flickr.com/photos/interactives/4534700402/in/photostream/

terça-feira, 1 de junho de 2010

Anaglifos ou mafaguifos ?

Sempre que ouço a palavra anaglifo lembro dessa brincadeira de minha avó:
Num ninho de mafaguifos havia cinco mafaguifinhos. Quem desmafaguifar os cinco mafaguifinhos, um bom desmafaguifador será !

O Edir Arioli e eu, estamos fazendo o mapeamento da Formação Serra Geral. Pequeno trabalho de mapeamento geológico de 100.000 km2 que cobre metade do estado do Paraná. Temos necessidade de muita fotointerpretação,  mas com os recursos disponíveis, nada mais justo que me imaginar fotointerpretando diretamente no monitor.
Descobri o freeware "Anagliph Maker" (http://www.stereoeye.jp/software/index_e.html), muito fácil de usar e com bons produtos, mas com um defeito: não permite o registro e correção geométrica dos pares de fotografias aéreas. Montar anaglifos sem georeferenciar é possivel com fotos até 1:25.000. Consegui resultados muito bons com esse aplicativo. Porém com fotos 1:60.000 é impossível, pois as distorções são muito grandes. Acerta de um lado, desacerta de outro e adeus anaglifo.
Meu amigo Milton Campos, especialista em SIG, me deu a dica de um laboratório de aerofotogrametria desenvolvido poela UERJ, software livre e gratuito que permite uma enorme quantidade de operações até a ortoretificação e construção de anaglifos corrigidos e georeferenciados. Aí está o link. Ainda não testei, mas me apressei em postar para quem quiser. Amanhã vou começar a testar e experimentar.
http://www.efoto.eng.uerj.br/doku.php?id=pt-br:tutoriais

Dia do Geólogo

Essa é minha profissão... ! Ou seria a minha paixão ? Não sei, mas não me imagino fazendo qualquer outra coisa. Se não fosse geólogo talvez fosse um C.S.I., coletando evidências e investigando crimes. Muita televisão ...
Em lembrança ao Dia do Geólogo que passou há três dias (ou seriam quatro? sei lá...) posto a poesia de um colega, o Baianinho (Reginaldo Leão), formado na USP em 1975, que infelizmente não tenho o prazer de conhecer, pois quem faz poesia como essa, deve ser um "cara".

Quem é esse louco que fita a barranca
E depois de contemplá-la em êxtase
Cai-lhe em cima, em fúria bruta
E a esburaca e a atormenta e a espanca?

Que faz aquele bando, no corte da estrada,
Em discussões febris, ao pé do mestre?
Por que o ataque rude, a marteladas,
A espantar o motorista e o pedestre?

Quem é aquele doido, que alisa a pedra,
Que lhe examina com lupa, os detalhes,
Que a tudo registra, com sutil presteza,
E, com afiada lâmina, lhe assesta um talhe?

Que faz aquele tonto, de aparelho em punho,
A medir, quem sabe lá, que estruturas
De planos surreais, imaginários?
Letras mortas das sagradas escrituras??

E aquele outro ali que, insatisfeito,
Ainda cheira a pedra e a leva à boca!?
Que o recolham às grades, sob algemas,
Antes que saia por aí, de meia e touca!

Mas... Eis ali um jovem, na planície,
A contemplar a serra, inebriado e mudo,
Tecendo mil teorias, explicando tudo
Da ascensão do núcleo à superfície.

A princípio, julguei ser um astrólogo,
Mas, agora, bem de perto... É um Geólogo!
E o sei pelo martelo e a imundície.

Bípede falante, corpo ereto,
Dos gêneros humanos, o mais louco,
De tudo, tudo mesmo, ele é um pouco:
Meio médico, biólogo, arquiteto,
Meio poeta, meio vilão, meio artista.
Escrivão da Natureza e jornalista,
No chão imundo do mundo sem teto,
Bisbilhotando os fósseis escondidos,
Seus ventres estuprados, seus partos perdidos,
Rebentos da Terra... Seus filhos, seus fetos

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Que voz !

Não resisti e resolvi colocar essa postagem sobre um asunto alheio à geoquímica.
Eu era menino quando conheci a  estupenda voz de Yma Sumac. Minha tia Maria Luiza tinha um LP dela chamado Voice of the Xtabay, que acho que foi o primeiro de uma longa série. Lembro de ficar admirando aquela linda mulher vestida com trajes incas com os braços abertos e olhando para o horizonte e com uma foto de fundo com fumaça avermelhada como se fosse de um vulcão andino. Ainda tenho os sons graves da voz dela na memória, especialmente a primeira faixa Taita Inty (A virgem do Deus Sol). Quando trabalhei nas Minas do Camaquã, de tanto falar sobre isso, o Favilla, geólogo da CPRM me deu de presente o tal LP que tenho até hoje.
Ela se chamava Zoila Augusta Emperatriz Chavarri Del Castillo em 13 de setembro de 1922, Ichocán no Perú, e morreu aos 86 anos em 1º de novembro de 2008, em Los Angeles.

O site oficial da Yma Sumac: http://www.yma-sumac.com

A mais impressionante musica desse primeiro disco é Jivaro e está no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=A6lVY9oopKE&feature=related
Para quem quiser comprar o disco ou algumas músicas do Voice of the Xtabay: http://www.amazon.com/dp/B000002UTZ/?&tag=savagebeast-20

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Grande Eyjafjallajökull !

Finalmente descobri um site com a composição química dos produtos do Eyjafjallajökull desde a primeiro evento de abril até 5 de maio. O teor de SiO2 mostra que a composição está no campo dos andesitos, empobrecendo em TiO2, CaO, FeO e K2O. Mas não se apresse nas conclusões e pense um pouco mais, pois as análises não foram feitas na lava e sim nas cinzas, o que é diferente ! Mas de qualquer maneira, é interessante a grande variação na composição química das cinzas, apesar da dos gases ser muito constante, tudo isso no curto espaço de um mês.

57,98% SiO2, 14,87%Al2O3, 9,75% FeO, 0,24% MnO, 2,30% MgO, 5,50% CaO, 5,01% Na2O, 1,79% K2O, 1,80% TiO2 e 0,53% P2O5
SRG 2b Eyjafjallajökull - Sample Mýrdalssandur ash-layer (GPS: 63°32'0.23";18°27'5.10"). Collected by S.R. Gislason.
Date April, 15th, 2010

56,73% SiO2, 14,65%Al2O3, 9,93% FeO, 0,24% MnO, 3,15% MgO, 6,114% CaO, 5,04% Na2O, 1,65% K2O, 1,88% TiO2 e 0,43% P2O5
SRG 5a  Eyjafjallajökull - Sample Direct fallout (GPS: 63°40'6."26; 19°48'6.02"). Collectd by S.R. Gislason.
Date April, 27th, 2010
 
61,46% SiO2, 13,8%Al2O3, 8,44% FeO, 0,21% MnO, 2,99% MgO, 4,74% CaO, 4,68% Na2O, 1,7% K2O, 1,39% TiO2 e 0,42% P2O5
Chemical analysis from 5. May - Níels Óskarsson
Date: May, 5th, 2010

Além disso o teor de flúor solúvel na cinzas superficiais é de aproximadamente 100 ppm. Como o grão dessas amostras de cinzas é grosso, e o teor de fluor aumenta nas cinzas finas, é presumível que a alguma distância do aparelho o teor de fluor aumente até aproximadamente 400-500 ppm F.
Uma equipe mista italiana e islandesa mediu o fluxo de gases do Eyjafjallajökull e concluiu que são liberados cerca de 30 toneladas HF/dia, 3.000 toneladas SO2/dia e que a composição química dos gases emitidos pelas erupções de 31 de março e 21 de março é muito similar: cerca de 80% H2O, cerca de 15% CO2 e cerca de 3% SO2 
 
Fonte: http://www2.norvol.hi.is/page/IES-EY-CEMCOM

sábado, 1 de maio de 2010

Meet the geobloggers

Está na edição #1, 2010 do Earth Explorer boletim eletrônico da Geosoft, a matéria assinada por Graham Chandler baseada numa entrevista com dois geobloggers: o geoquímico Otavio A. B. Licht (o autor desse blog) e o geofísico Alexander Prokhodko da National Mining University de Dnepropetrovsk, Ucrânia.
Geoblogging has different meanings to different people but for these two Earth Explorers it’s all about sharing their special passions for the geosciences while disseminating useful topics and generating discussion around the world.
A matéria relata o processo de criação, atualização, criação das pautas e outros detalhes dos dois blogs que são, segundo o autor, dois dos mais recentes blogs dedicados a geologia.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Fotos espetaculares

Aqui está um link enviado pela Profª Maria do Carmo Cunha da UFRGS com 35 fotos espetaculares do Eyjafjallajokull

http://www.boston.com/bigpicture/2010/04/more_from_eyjafjallajokull.html


A propósito, se alguém tiver análises quimicas e outras informações mais detalhadas sobre essa série de erupções, mande o link ou a fonte que eu gostaria muito de postá-las.

sábado, 17 de abril de 2010

Vulcanismo básico, sim senhor !

A enorme nuvem de cinzas do vulcão islandês, que fica sob a geleira Eyjafjallajokull, e cuja pronúncia correta seria Ay-uh-full-ay-ho-kul, se espalhou ainda mais sobre a Europa, atingindo seriamente a navegação aérea da Europa. Reino Unido, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Noruega, Finlândia, Estônia, França, Alemanha, Irlanda, Polônia, Suécia e República Tcheca entre os 23 países que cancelaram cerca de 25.000 vôos.
A nuvem chegou a alcançar 11 quilômetros de altitude e espalhou cinzas por toda a Europa. E por incrível que possa parecer, muitos geólogos não admitem que magmas básicos são capazes de produzir erupções explosivas e ricas em cinza e produzir depósitos de tephra,  tufos e cineritos a dezenas ou centenas de quilômetros de distância do aparelho vulcânico.
 Atendendo a solicitação de um leitor não geólogo, que pediu mais explicações: os magmas básicos (p.ex. basaltos) tendem a ser mais fluidos e geralmente produzem erupções mais tranquilas, ao contrário dos magmas ácidos (p.ex. riolitos) que são mais viscosos e caracteristicamente produzem erupções violentas. No caso do Eyjafjallajokull, ocorre que a atividade do vulcão - iniciada há muitos meses - sob uma geleira, produziu grande quantidade de água que aproveitando as fraturas abertas, penetrou no conduto e talvez em parte da câmara magmática aumentando a pressão, contribuindo para a série de eventos explosivos que começaram timidamente em 20 de março, com ápice nos últimos dias e que talvez ocorram novamente no mesmo Eyjafjallajokull e provavelmente despertem o Katla que entrou em atividade pela ultima vez em 1918. Esse Katla é considerado o mais violento vulcão da Islândia em virtude dos lahar catastróficos que já produziu, pois também está sob gelo e com encostas com fortes declives. Lahar são violentos fluxos de detritos e água de degelo que ocorrem nas regiões vulcânicas geladas, tal como o que aconteceu em 1985 no Nevado del Ruiz na Cordilheira Central da Colômbia e que destruiu a cidade de Armero provocando cerca de 25.000 mortes.
(Foto de cima Folha de São Paulo/Terra;

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Hidrogeologia é atribuição de geólogo, sim !

A questão da hidrogeologia e a discussão que volta e meia retorna no sistema CONFEA-CREAs para a  "abertura" da atribuição a profissionais sem preparo e capacitação tem duas faces. A primeira delas é uma disputa corporativista por mercado de trabalho e de serviços, apoiada no poder e nas influências. Um reflexo da "banda podre" da cultura política brasileira, pois o objetivo final é ocupar espaços e ganhar dinheiro. É claro que não sou contra a ganhar dinheiro, mas principalmente nesse caso tem que ser pela formação e pela competência.
O outro lado da questão, é o resultado dessa ação sobre o usuário final do serviço ou melhor "da obra" como querem os engenheiros civis. Há exemplos de poços perfurados sem o mínimo cuidado quanto a análise da qualidade da água, que tiveram resultados nefastos sobre a população, como o que foi perfurado lá pela década de 1980 na localidade de São Joaquim do Pontal, municipio de Itambaracá, norte do Paraná, em cuja água não foi analisado o teor de fluoretos. O resultado é que 68% das crianças mostraram fluorose dentária a ponto de ser necessária a substituição de dentes por próteses, tal o grau de severidade da moléstia.
Outro caso clássico é o da cólera endêmica que havia (e acho que ainda há) em Bangladesh. O governo central e a ONU patrocinaram a perfuração de milhões (sim, eu disse milhões) de poços para que a população evitasse o consumo da água superficial contaminada com o vibrião. A água não foi analisada com o cuidado necessário ou por desleixo, esquecimento ou falta de suporte analítico e o resultado é que o arsênio presente no aquífero em estado reduzido de valência, oxidou-se e produziu muitas centenas de casos de câncer de pele que evoluíram para casos mais graves e morte. É logico que nem todos os poços apresentaram o problema, mas mesmo assim a população exposta ao risco está na casa de dezenas ou centenas de milhares.
A conclusão é que a perfuração de um poço não é apenas uma obra de engenharia, pois envolve o conhecimento do aquifero e principalmente a caracterização incial e o monitoramento da qualidade da água (dadas as flutuações sazonais que ocorrem nos teores) da maneira mais completa possível. Imagine quantas vezes por semana a água de uma estação de tratamento de água é submetida a uma análise completa com o apoio e participação de sanitaristas, quimicos, analistas etc. Se é assim com a água tratada, porque a água de um poço tubular raso ou profundo não é considerada de maneira semelhante ? Porque a água subterrânea é tratada como se fosse um produto quimicamente puro e eternamente puro ? Se ela recebeu a classificação de água mineral, é porque não é pura e tem carga iônica de composição variada e característica, ora bolas. Irresponsabilidade, desleixo, desconhecimento, ignorância, dificuldades burocráticas na contratação de um bom laboratório (eu disse um bom laboratório) ou conveniências politicas eleitoreiras ?
E fazendo um trocadilho cruel e politicamente incorreto, "quem bebe é que toma !

terça-feira, 30 de março de 2010

Candidato ao Prêmio IGnobil

O artigo de  Dennis Upper, publicado no Journal of Applied Behavior Analysis (1974) cuja cópia integral publico ao lado é um sério candidato ao Prêmio Ignóbil. O título é bastante significativo "O fracasso do auto tratamento de um caso de 'bloqueio de escrita". Como bem salientou o revisor A, cujo parecer foi também publicado (o que é incomum)  "Estudei esse manuscrito com muito cuidado, usando suco de limão e raios X e não descobri nenhum erro de pesquisa ou idioma. Sugiro que seja publicado de forma integral. Claramente é o manuscrito mais conciso que jamais tive a oportunidade de ler(...) Certamente encontraremos um lugar para ele no Journal - talvez no canto de uma página em branco." Excelente parecer e encaminhamento.

Como é necessário "matar a cobra e mostrar o pau", essa imagem foi obtida do PubMed Central e pode ser acessado em
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1311997/

sábado, 13 de fevereiro de 2010

O meteorito e o cordel

A poesia de cordel é um dos ícones da cultura nordestina do Brasil. que usa os mais diversos temas como inspiração. Eu não conheço muitas, mas gosto do vocabulário, da métrica, das rimas e dos temas. Navegando na Internet encontrei o Luar do Conselheiro, pseudônimo de um poeta de cordel que escreveu entre outros, A Saga da Pedra de Bendegó, que conta a história da queda do meteorito em território bahiano e da expedição que o levou para o Rio de Janeiro.
Na capa o cordelista explica: "A pedra do Bendegó, ferida latente no povo catingueiro, o maior meteorito encontrado no Brasil, roubado pelo Império e levado ao museu Nacional no Rio de Janeiro é o tema deste cordel de protesto, que traduz a insatisfação popular e o descaso das autoridades brasileiras em preservar nosso patrimônio."
Escrevi pedindo autorização para postar nesse blog e aí está a resposta dele:
Caro Otávio. fico feliz com tua ideia! tá autorizado...arroche o nó! e o que precisar de mim estou a tua disposição. se der coloca o meu blog, versosdoluar.blogspot.com assim quem quiser pode saber mais do meu trabalho. graaaaaaaande e cordial abraço!

"Mandei bala e arrochei o nó" e aí está o link para essa obra de um poeta popular que usou um fenômeno da natureza como inspiração http://www.portaldocordel.com.br/doc/cordeisDown/pedraBedengo.pdf

O meterito de Bendegó é um siderito irregular com dimensões máximas de 215 x 145 x 58 cm, com uma massa calculada em 5360 kg, composta de 92,70 % Fe, 6,52 % Ni, 0,47 % Co, 0,22 % P e traços de S, Cu, Cr, As, Au, Pt, Pd, Os, Ir, Rh, Ru, etc. Não encontrei na Internet uma fonte confiável com a composição química completa do Bendegó. Se algum leitor conhecer, peço que me informe.
A foto do transporte do meteorito de Bendegó para o Rio de Janeiro é do relatório da expedição comandada por José Carlos de Carvalho, escrito em 1888 ao Ministério de Agricultura, Comércio e Obras Públicas e à Sociedade Geográfica do Rio de Janeiro, cuja cópia digitalizada está em
A foto do menino sobre o meteorito de Bendegó é de http://www.meteoritos.com.br/

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Hg, As e sífilis

Numa manhã de domingo, conversando com meu pai, médico formado na Faculdade de Medicina de Porto Alegre, em 1947, veio o assunto dos antigos tratamentos para doenças sexualmente transmissíveis, especialmente a sífilis. Mesmo que esse tema diga muito mais à farmacologia que à exploração geoquímica, me parece interessante abordá-lo.
Desde o final do século XVII, e talvez até antes disso, o tratamento padrão para a sífilis era à base de calomelano, um composto à base de 88% Hg2O e 12 % Cl. Esses tratamentos eram baseados em soluções injetáveis desse composto de alta toxicidade, se prolongavam por semanas com aplicações diárias dessas injeções que provocavam reações terríveis como violentas cólicas hepáticas e crises de vômito. O que mais me impressionou foram as pomadas de Metchinikoff e Roux com 33 gramas de calomelano mais lanolina e vaselina, de cor quase negra, embaladas em latas, que eram usadas para aplicações e fricções nas lesões de pele e também para besuntar a pele dos bebês, de pais portadores de sífilis. Lá pelas décadas de 1930-40 esse tratamento foi sendo gradativamente substituído pelas injeções endovenosas de Arsenox, um composto injetável à base de As. Essas injeções deveriam ser ministradas rapidamente pois o composto "coagulava" dentro da seringa e se a agulha saisse da veia, produzia uma lesão horrível.
Depois, procurando na Intermet, encontrei uma tese de doutorado defendida em 1921 na Faculdade de Medicina do Porto, pelo médico Luis Antonio Corte Real. Nessa tese, há a referência aos gabinetes profiláticos implantados pelo exército americano durante a 1ª Guerra Mundial, ao qual eram obrigados a comparecer todos os soldados. Nesses gabinetes, faziam a aplicação de pomadas de calomelano e uma injeção uretal de Protargol, um antisséptico e germicida, um composto com 8% de Ag soluvel em água. Há também uma descrição do tratamento e reações adversas nos pacientes, bem como reflexões e criticas do Dr. Corte Real sobre as possibilidades de intoxicação e até a morte dos pacientes.
Essa tese "Notas sobre a sífilis" está digitalizada e disponível em (http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/17561/3/197_2_FMP_TD_I_01_P.pdf).
Finalizando, lembro de um LP de vinil com obras de Mozart que tenho na minha coleção, e cuja resenha da contra-capa foi escrita por um médico e que faz um diagnóstico da causa morte do Wolfgang, que teria sido por falência do sistema renal e hepático, provavelmente provocado pelas altas doses de calomelano para o tratamento da sífilis.

Ao final fico imaginando quantos pacientes não morreram do remédio e quantos não ficaram com sequelas permanentes pela intoxicação mercurial. Vale lembrar que o "mal de Minamata" foi relatado somente após a 2ª Guerra Mundial devido aos resíduos ricos em compostos organomercuriais produzidos por uma fábrica de PVC, localizada nas margens da baía de Minamata, no Japão.

sábado, 16 de janeiro de 2010

SOLIDARIEDADE AO HAITI

O Haiti precisa da ajuda e da colaboração de cada um de nós.
Consegui em outro blog as contas bancárias de algumas organizações que estão, há muitos anos envolvidas com trabalho no Haiti.
Assim, nenhuma é oportunista nem irá se aproveitar dessa situação de catástrofe que esse pobre país está atravessando. Escolha uma dessas, e na própria agência bancária verifique os dados como CNPJ e faça a sua doação. Se preferir, procure qualquer outra que seja de sua confiança e faça a sua doação. O que não é aceitável é fingir que a catastrofe não ocorreu e que tem milhares de pessoas morrendo de fome, sede e necessitando de auxílio médico.
Quanto custa uma cerveja ? É o suficiente para salvar a vida de alguém  !

Comitê Internacional da Cruz Vermelha
Banco: HSBC  Agência: 1276
Conta Corrente: 14526-84
CNPJ: 04359688/0001-51

ONG Viva Rio
Banco: Banco do Brasil   Agência: 1769-8
Conta Corrente: 5113-6
CNPJ: 00343941/0001-28

Care Internacional Brasil
Banco: ABN Amro Real   Agência: 0373
Conta corrente: 5756365-0
CNPJ: 04180646/0001-59

Médicos Sem Fronteiras
Doação diretamente no site
http://www.msf.org.br/haiti/formulario/index.html

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Escrevendo um artigo científico

A dor ensina a gemer é um velho dito popular que se aplica muito bem ao processo de escrever um artigo científico.
A simples escolha e elaboração do título é um parto doloroso pois a quantidade de palavras deve ser calculada de forma a sintetizar o conteúdo despertando a atenção do leitor, e por outro lado evitando que o título fique maior que o resumo.
O resumo, ah o resumo ! Como poderei resumir em 20 linhas os resultados de uma pesquisa que me consumiu muitos meses de árduo trabalho e que a caro custo consegui sintetizar num artigo de 25 páginas?
A descrição dos materiais e dos métodos é um pouco mais simples, mas será que um outro pesquisador, lendo a minha descrição conseguirá  repetir o meu experimento ? Será que todos os que usam o gráfico R1 x R2 de De La Roche et al (1980) para classificação de rochas ígneas sabem se o cálculo deve ser  feito com os óxidos em base anidra ou hidratada? É difícil repetir os passos de De La Roche e seus amigos já que o processo não está descrito no artigo original e "que deu origem à série".
Relatar resultados é um pouco mais complicado pois além de escrever o texto de forma clara, envolve análises numéricas, elaboração de gráficos e tabelas estatísticas e montagem de mapas com todos aqueles detalhes de escala gráfica, malha de coordenadas, processos de digitalização e tratamento de aplicativos de CAD e SIG. O que é melhor: uma tabela ou um gráfico? Dá para sintetizar e representar todas essas tabelas num mapa ?
E a parte mais importante do artigo que é a discussão dos resultados ? Se não há nada a discutir, então não existe nenhuma razão para escrever o artigo.
Muito cuidado com as referências e com as citações pois em tempos de internet, ficou muito fácil descobrir um plágio  e  "um dia o corpo bóia" ! Já li um trabalho que usou resultados analíticos produzidos por outro autor, publicados dois anos antes. Para tentar iludir o leitor e apropriar-se dos dados do pobre antecessor, o malandrinho (ou seria malandrinha?) usou o expediente grotesco de trocar a sigla de identificação das amostras. Esqueceu apenas de que todos os teores permaneceram idênticos e que um dia o Otavio poderia ler e comparar os dois artigos !
Quem usa muitos "apud", "in" ou "citado por" me passa a nítida impressão de preguiça em buscar e consultar a fonte original e a preguiça é inimiga mortal de uma boa pesquisa e do procedimento  científico. Nada como a consulta à fonte original pois lembro de de outro provérbio que minha avó usava muito "Quem conta um conto aumenta um ponto ! ".
Por essas e por outras, lembre sempre da brilhante frase de Albert Einstein "Ciência é 10% de inspiração e 90% de transpiração".

Algumas idéias que usei acima e muitas outras, estão na boa página do Prof Alexei Sharov do  Departamento de Entomologia (sim, insetos, porque não ?) do Virginia Tech, Blacksburg, Virginia:
http://www.ento.vt.edu/~sharov/PopEcol/lab2/lab2.htm Vale a pena consultar !

sábado, 9 de janeiro de 2010

Da série "País que não preserva sua história" - Minas Gerais, quem diria...

Deu na INTHEMINE edição de setembro/outubro de 2009, página 5 (http://www.inthemine.com.br/)

Prezada Jornalista Tébis Oliveira, o espectrógrafo que foi usado para detectar o nióbio de Araxá em 1953 está sucateado no CETEC (Centro Tecnológico de Minas Gerais). Abandonei a idéia de sua recuperação. O Governo do Estado resolveu fechar o Museu de Mineralogia Djalma Guimarães para onde ia o instrumento, cedendo o seu acervo para um novo Memorial das Minas e do Metal que, dizem, terá uma sala (ou auditório ?) com o nome de Djalma Guimarães. O que se sabe, é que não será um museu, e sim uma mostra virtual (projeções e filmes - coisa maluca !) Com o fechamento do Museu, extingue-se o último vestígio da Geociência no âmbito da adminstração estadual das "Minas" Gerais. Djalma Guimarães "Requiescat in Pace..." Saudações Cláudio V. Dutra.

Nessa mensagem enviada pelo eminente Prof. Cláudio Vieira Dutra à INTHEMINE há vários fatos que chamam a atenção:
1. a extinção do Museu Djalma Guimarães, que ficava no centro de Belo Horizonte, com bom acervo de rochas e minerais e de materiais pessoais e profissionais de Djalma Guimarães, um dos mais importantes geoquímicos que o Brasil já teve.
2. será possível que o Memorial de Minas e do Metal de Minas Gerais contará apenas com exposição virtual  ?
3. para onde irá o acervo do Museu Djalma Guimarães ?
4. a inexistência na estrutura governamental de Minas Gerais de um orgão específico que se preocupe com a geologia e a mineração. Parece que Minas Gerais não tem nada a dever de seu desenvolvimento e de sua história à geologia e à mineração.