quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Escrevendo um artigo científico

A dor ensina a gemer é um velho dito popular que se aplica muito bem ao processo de escrever um artigo científico.
A simples escolha e elaboração do título é um parto doloroso pois a quantidade de palavras deve ser calculada de forma a sintetizar o conteúdo despertando a atenção do leitor, e por outro lado evitando que o título fique maior que o resumo.
O resumo, ah o resumo ! Como poderei resumir em 20 linhas os resultados de uma pesquisa que me consumiu muitos meses de árduo trabalho e que a caro custo consegui sintetizar num artigo de 25 páginas?
A descrição dos materiais e dos métodos é um pouco mais simples, mas será que um outro pesquisador, lendo a minha descrição conseguirá  repetir o meu experimento ? Será que todos os que usam o gráfico R1 x R2 de De La Roche et al (1980) para classificação de rochas ígneas sabem se o cálculo deve ser  feito com os óxidos em base anidra ou hidratada? É difícil repetir os passos de De La Roche e seus amigos já que o processo não está descrito no artigo original e "que deu origem à série".
Relatar resultados é um pouco mais complicado pois além de escrever o texto de forma clara, envolve análises numéricas, elaboração de gráficos e tabelas estatísticas e montagem de mapas com todos aqueles detalhes de escala gráfica, malha de coordenadas, processos de digitalização e tratamento de aplicativos de CAD e SIG. O que é melhor: uma tabela ou um gráfico? Dá para sintetizar e representar todas essas tabelas num mapa ?
E a parte mais importante do artigo que é a discussão dos resultados ? Se não há nada a discutir, então não existe nenhuma razão para escrever o artigo.
Muito cuidado com as referências e com as citações pois em tempos de internet, ficou muito fácil descobrir um plágio  e  "um dia o corpo bóia" ! Já li um trabalho que usou resultados analíticos produzidos por outro autor, publicados dois anos antes. Para tentar iludir o leitor e apropriar-se dos dados do pobre antecessor, o malandrinho (ou seria malandrinha?) usou o expediente grotesco de trocar a sigla de identificação das amostras. Esqueceu apenas de que todos os teores permaneceram idênticos e que um dia o Otavio poderia ler e comparar os dois artigos !
Quem usa muitos "apud", "in" ou "citado por" me passa a nítida impressão de preguiça em buscar e consultar a fonte original e a preguiça é inimiga mortal de uma boa pesquisa e do procedimento  científico. Nada como a consulta à fonte original pois lembro de de outro provérbio que minha avó usava muito "Quem conta um conto aumenta um ponto ! ".
Por essas e por outras, lembre sempre da brilhante frase de Albert Einstein "Ciência é 10% de inspiração e 90% de transpiração".

Algumas idéias que usei acima e muitas outras, estão na boa página do Prof Alexei Sharov do  Departamento de Entomologia (sim, insetos, porque não ?) do Virginia Tech, Blacksburg, Virginia:
http://www.ento.vt.edu/~sharov/PopEcol/lab2/lab2.htm Vale a pena consultar !

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