quinta-feira, 28 de julho de 2011

Isso é que é aula de vulcanologia !

São duros esses tempos em que diariamente recebemos notícias desanimadoras como a abertura de cursos de graduação de geologia com aulas noturnas e a escassez de recursos financeiros para atividades de campo. Mas desânimo não ajuda e temos que encontrar boas idéias e aproveitá-las.
Eu estava procurando na internet algumas referências sobre filamentos de vidro produzidos em erupções de magma basáltico (cabelos de Peleé), encontrei um relato que mostra a criatividade e colaboração entre dois cursos, que à primeira vista são "água e azeite", e apresenta uma boa idéia que pode ser reproduzida em outros lugares. A "coisa" começou com uma visita de um grupo de estudantes do Departamento de Geologia da St. Lawrence, ao Departamento de Artes da Universidade de Siracusa para uma aula prática de vulcanologia.
Aproximadamente 300 kg de basalto foram colocados num cadinho usado para fusão de metais para produção de esculturas e outras obras de arte. A "lava" foi objeto de diversas experimentos, pois foi vertida em rampas de areia seca ou úmida com diversas inclinações. A formação de lava pahoehoe, a formação dos peperitos e outros processos importantes foram reproduzidos em escala de bancada.
Não seria possível que os estudantes de geologia de nossas universidades identificassem  em suas instituições, ou mesmo em outras vizinhas (p.ex. um instituto de tecnologia), algum laboratório para realização de experimentos semelhantes ? Talvez o do curso de engenharia metalúrgica fosse o mais adequado. Que tal forçar um fluxo de lava basáltica em um reservatório d'água tal como ocorre no litoral do Hawaí ? Que tal fazer um experimento com basalto, outro com andesito e outro com riolito ? Será que os alunos do curso de jornalismo não gostariam de documentar esse experimento em vídeo ? Que tal planejar o experimento para depois coletar amostras e examinar em detalhe os produtos desses processos numa lâmina delgada ou outras técnicas de laboratório ? Que tal.... ?
Dá para imaginar a riqueza de informações que os alunos receberiam e as observações úteis que seriam feitas numa aula desse tipo.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Mais um que se foi !

Pode parecer estranho comunicar o falecimento de um amigo tanto tempo depois, mas infelizmente só fiquei sabendo disso hoje à tarde. Recebi uma mensagem do Prof António Jorge Sousa do Instituto Superior Técnico de Lisboa perguntando se eu sabia que o  Prof. Manuel Serrano Pinto havia falecido.  Foi um choque duplo pois não sabia de nada e o pior é que ele faleceu em janeiro de 2011. Nos encontrávamos nos Congressos Brasileiros de Geologia e eventualmente nos intervalos. Colaborou com algumas matérias nesse blog. Sentiremos falta dessa belíssima figura humana, um geoquímico respeitado em todos os países de língua portuguesa.

Reproduzo abaixo a notícia postada por Filomena Amador no site, ou melhor no sítio da Associação Portuguesa de Geólogos .

Falecimento do Professor Serrano Pinto
A comunidade dos geólogos perdeu no início deste ano um Professor que marcou todos aqueles que com ele tiveram oportunidade de trabalhar. Estou a referir-me ao Professor Catedrático Manuel Carlos Serrano Pinto, da Universidade de Aveiro, cujo falecimento inesperado ocorreu recentemente.
O Professor Serrano Pinto desenvolveu a sua actividade de investigação na área da Geoquímica e Geologia isotópica. Porém, foi através da História da Geologia, onde também desenvolveu trabalho relevante, presidindo de 2000 a 2004 à International Commission on The History of the Geological Sciences (INHIGEO), que tive oportunidade de o conhecer. Desse primeiro contacto surgiu uma relação de trabalho, e, atrevo-me mesmo a dizer, de amizade. O Professor Serrano Pinto é alguém que sempre recordarei pelo sorriso aberto e compreensivo, pela cordialidade e disponibilidade para ajudar, pelos momentos de entusiasmo partilhados aquando da descoberta de alguns dados, e, por muitas outras memórias que correspondem a momentos partilhados nos congressos do INHIGEO.
O Professor Serrano Pinto iniciou a actividade profissional em Moçambique, tendo em 1975 ingressado na Universidade de Aveiro. Licenciado em Ciências Geológicas pela Universidade de Coimbra, adquiriu o grau de mestre e de doutoramento na Universidade de Leeds nas áreas da Geoquímica e da Petrologia. No domínio da História da Ciência destaca-se ainda o facto de ser membro fundador do Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência e da Técnica da Universidade de Aveiro (CEHFCT).

Filomena Amador
Fonte: Associação Portuguesa de Geólogos http://www.lojadasideias.com/apgnews4/