terça-feira, 22 de junho de 2010

Primeiros passos da prospecção hidrogeoquímica

Em 1946, E.A. Sergeev publicou Análises de água como meio de prospecção de depósitos minerais metálicos. O artigo original foi publicado no Razvedka Nedr, evidentemente em russo. Consegui com o David Smith, geoquímico do USGS, uma tradução de H.E. Hawkes publicada pelo USGS em fevereiro de 1950. Muitos conceitos básicos da hidrogeoquímica de exploração foram descritos e antecipados nesse artigo.

Aí estão alguns trechos interessantes:
"O campo da dispersão é constituído por áreas de dispersão normal, "halos de dispersão" local que se localizam imediatamente ao lado dos depósitos minerais e "caudas (trains) de dispersão" que se desenvolvem fora dos halos, onde os produtos do inteperismo do minério entram na drenagem superficial. A movimentação do material no campo da dispersão é acompanhado, às vezes,  pela formação de concentrações secundárias de minerais precipitados por processos químicos ou mecânicos. Entretanto, a tendência geral é pela dispersão ao invés de concentração. (...) Os métodos aluviais de prospecção de certos tipos de minérios são baseados essencialmente na observação dos trains de dispersão de minerais pesados e resistentes como cassiterita, wolframita, ouro e platina. Infelizmente esse método extremamente efetivo só pode ser utilizado para um pequeno grupo de minerais. Depósitos de cobre, polimetálicos e niquel  não se incluem nesse grupo e para eles não existe um sistema análogo de exploração.  Não há uma razão fundamental, entretanto, porque um método algo semelhante não possa ser desenvolvido para os metais citados, baseado na observação dos trains de dispersão dos materiais solúveis. A natureza geoquímica desses elementos fornece uma boa base para tal método. A teoria é a seguinte: a água vadosa percolando a zona de saturação, entra em contato com o depósito mineral em processo de oxidação e se enriquece nos produtos solúveis do intemperismo. A água pode ser descarregada nos cursos d'água que drenam a área. Se a rede hidrográfica for suficientemente bem desenvolvida, podemos esperar encontrar concentrações detectáveis de metais-minério dissolvidos na água. Analisando sistematicamente a água fluvial, da foz até as cabeceiras, poderemos encontrar a origem das água ricas em metais. (...) Em 1941, A.A. Reznikov, hidrogeoquímico pesquisador do VSEGEI (Instituto de Geologia da União Soviética) propôs um método original de análises de água para um grupo de metais pesados (Cu, Zn, Cd, Pb, Co). Esse método se caracteriza tanto pela alta sensitividade quanto por sua relativa simplicidade. A essência do método consiste na extração dos cátions acima citados de um grande volume de água por um reagente dissolvido em um pequeno volume de tetracloreto de carbono. Sob condições de laboratório a sensitividade é suficiente para detectar 1 x 10 -6 % Me (...) com esse método o autor  investigou em 1941 as águas de diversas áreas com mineralizações polimetálicas (...) nos Montes Altai - depósitos Zavoidin e Berezov."
Os teores a montante da mineralização de Berezov - que representam os teores de fundo ou "background" - oscilam ao redor de 0,02 mg/L; logo a jusante da mineralização, saltam para 1,29 mg/L e vão decaindo suavemente por 2.500 metros até alcançar novamente o teor de fundo.
Meu breve comentário: Quando bem planejada, executada e interpretada - sem invenções ou erros absurdos - a exploração geoquímica é simples e eficiente!

Foto: córrego próximo da Jazida Santa Maria, a poucos quilômetros das Minas do Camaquã, RS. (Otavio A. B. Licht, 11/12/2008)

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