quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Gossan, pseudo-gossan, lateritas e latosolos

Como bem sintetizou o pedólogo russo Polynov em 1937 "Intemperismo é o processo de mudança das rochas do estado maciço para o clástico" ou na concepção de Reiche (1959) e de Ollier (1969) "É o conjunto de processos que se desenvolvem na superfície da Terra e que consistem na fragmentaçção e decomposição dos minerais". Foi por isso que Viktor M. Goldschmidt sentenciou "O intemperismo é um processo analítico".
O intemperismo predominante nas regiões tropicais e sub-tropicais, caracteriza-se por condições essencialmente químicas e por esse motivo essencialmente analítico na sua ação e nos seus efeitos. Essas condições são  responsáveis por efeitos dramáticos sobre os materiais geológicos que a elas estão submetidos. Esses processos podem ser resumidos em hidratação, hidrólise, oxidação e dissolução. A lixiviação dos metais alcalinos e principalmente a concentração residual de Fe e Al dá origem a alguns produtos característicos denominados de lateritas, cangas ou carapaças ou couraças lateríticas, pseudo-gossans e gossans.
As lateritas foram identificadas pela primeira vez na India por Buchanan (1807) que cunhou o termo a partir da palavra lateros (do grego = tijolo) para identificar o solo ferralítico que era, e ainda é, cortado  pela população local em blocos retangulares,  que são usados na construção civil após uma secagem ao sol. Dependendo da químismo da rocha mãe, o processo de laterização pode gerar uma crosta lateritica de tal forma enriquecida em metais como Fe, Al e Ni que alcança teores econômicos com espessuras de até 100 m como as lateritas niquelíferas desenvolvidas sobre rochas ultramáficas. Diversos depósitos econômicos de Ni laterítico existem em diversos locais da faixa tropical do planeta. Outros metais de mobilidade baixa também ficam concentrados nas lateritas como MGP (metais do grupo da platina).
Já os pseudo-gossans são concentrações superficiais de materiais ferruginosos, principalmente limonitas e goethita, produzidos por concentrações de carbonatos dricos em Fe, massas de pirita "estéril"ou  até concentrações lateríticas a partir de  rochas máficas e ultramáficas.
Finalmente os gossans - também chamados de chapéus de ferro - são produzidos pela ação do intemperismo tropical e sub-tropical sobre concentrações de minerais sulfetados e por isso têm enorme utilidade pois servem como índices exploratórios ou prospectivos para mineralizações sulfetadas de diversos metais. Muitos metais presentes nos sulfetos como Pb, Cu e Ag (cátions)  e Mo, As e Se (como ânions) tendem a se enriquecer na goethita e assim servem para diferenciar gossans de pseudo-gossans.  A distinção entre pseudo-gossans e gossans é feita especialmente pela presença de metais de baixa mobilidade associados às diversas espécies de sulfetos que constituem as mineralizações sulfetadas de interesse econômico.
Além disso, gossans têm uma estrutura interna característica em forma de células que foi descrita por Roland Blanchard (foto ao lado) e P.F. Boswell numa série de artigos publicados nos volumes 22, 25, 29, e 30 da Economic Geology no período de 1925 a 1935. Um dos artigos relacionados com a molibdenita pode ser encontrado em
Se o leitor tiver interesse em fazer o download do excelente publicação consolidada e publicada postumamente:  Blanchard, R (1968) Interpretation of leached outcrops. Nevada Bureau of Mines Bull, vai encontrá-la no Google Books, no link abaixo:

Um comentário:

  1. Parabéns pela iniciativa e pelo ótimo trabalho! Me tornei um visitante frequente! Atc. Leandro Ursino

    ResponderExcluir