sábado, 11 de junho de 2011

A caixa de ferramentas está aberta !

Não é comum encontrar artigos em periódicos científicos cujos autores são geólogos de empresas de exploração. Os achados são compreensivelmente guardados a sete chaves já que são vantagens evidentes na corrida entre empresas concorrentes. Por isso, o artigo Beyond the Obvious Limits of Ore Deposits: The Use of Mineralogical, Geochemical, and Biological Features for the Remote Detection of Mineralization escrito por David L. Kelley1 , Karen D. Kelley2, William B. Coker3, Brenda Caughlin4 and Mary E. Doherty5 (1 Newmont Mining Corporation, 2 U. S. Geological Survey, 3 BHP Billiton World Exploration Inc., 4 ALS Chemex) é motivo de espanto. O espanto não é criado apenas pela composição e afiliação  do grupo de autores, mas pela revisão moderna de técnicas que têm sido desacreditadas, pouquíssimo testadas e utilizadas ou então aplicadas de maneira equivocada pelas empresas de exploração que centram seus trabalhos de seleção de alvos com base em modelos exploratórios centrados no panorama geológico ou então na aplicação extensiva de técnicas geofísicas.
Mesmo que esse artigo tenha cerca de 5 anos (Economic Geology, June 2006; v. 101; no. 4; p. 729-752)  continua atualíssimo pois examina os padrões primários e secundários de dispersão de depósitos minerais que se refletem e são capazes de serem detectados por técnicas de amostragem e análise geoquímica, biológica e mineralógica.

Alguns temas examinados são :
- a geoquímica da apatita para distinguir rochas intrusivas favoráveis a mineralizações IOCG (Iron Oxide Copper Gold); 
- a mineralogia de resistatos para identificar depósitos do tipo VMS (Volcanogenic Massive Sulfide);
- a geoquímica da pirita como vetor de mineralizações do tipo SEDEX (Sedimentary Exalative);
- a concentração de halogênios (Cl, Br e I) na identificação de centros mineralizados;
- as diferenças na composição isotópica (S, O, C) entre intrusões e encaixantes estéreis das férteis;
- a cristalinidade da ilita e a termocronologia da apatita e do zircão valiosos especialmente para depósitos com história terma de baixa temperatura;
- gradientes redox encontrados entre porções oxidadas e reduzidas associadas com depósitos de sulfetos;
- variações no pH, potencial de oxidação-redução e potencial espontâneo na cobertura de depósitos de ouro sulfetado e VMS;
- as diversas espécies de gases aprisionados nos poros do solo (O2, O2, Hg, Rn, He, compostos de S e hidrocarbonetos leves) que têm sido encontrados sobre depósitos de vários tipos de depósitos minerais;
- o enriquecimento geoquímico nos materiais biológicos, especialmente vegetais, e nos solos é bem reconhecido mas pouco se sabe sobre o papel dos micro-organismos;
- microorganismos acentuam a cinética da oxidação dos sulfetos e a redistribuição secundária dos metais ao redor de depósitos minerais;
- a presença de cepas de bactérias resistentes a teores elevados de metais pode sugerir a presença de depósitos minerais não aflorantes ou profundos.

 A relação de possibilidades é muito grande e com diferentes níveis de especialização e sofisticação tecnológica, o que mostra de maneira clara que há muita pesquisa pela frente para acrescentar alternativas à caixa de ferramentas da exploração mineral

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