segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Saludos desde la Puna

Estou há alguns dias em San Antonio de los Cobres, Província de Salta, Argentina, assistindo a um espetacular curso de vulcanologia nos Andes Centrais ministrado por professores da Universidade Nacional de Salta e convidados.







Professores com altíssima capacitação e experiência, muito boa organização e um roteiro com afloramentos e ambientes sem igual com exemplos espetaculares de base surges, block-and-ash flows, ignimbritos e lavas. (procure o vulcão Tuzgle no Google Earth). Um  curso de campo muito necessário e adequado para quem está participando do mapeamento geológico do Grupo Serra Geral.








Sem dúvida um dos melhores cursos de campo que já tive a oportunidade de assistir, junto com trinta e cinco estudantes da Argentina, Brasil, Bolivia, Peru, México e Estados Unidos.




Como ninguém é de ferro, exceto o Martín, na semana anterior Ani e eu estivemos em Salta e fomos a Cafayate conhecer a região produtora e provar os vinhos Torrontés (espetaculares brancos secos frutados).







Num belvedere da Quebrada de las Conchas, encontrei uma placa com a frase do grande cantor e compositor argentino Atahualpa Yupanqui que está abaixo. Nada mais verdadeira a mensagem desse genial cantor e compositor argentino, especialmente para geólogos. "Para el que mira sin ver, la tierra es tierra no más" (Para aquele que olha sem ver, a terra é nada mais que terra.)
Continuarei numa próxima postagem, pois já são quase 1:00 de domingo. Amanhã é dia de campo o que a 4.000 metros de altitude e umidade de 10%, é dureza.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Qualidade dos dados em prospecção geoquímica

No Brasil, a responsabilidade pela coleta de amostras de prospecção geoquímica, principalmente as de sedimentos fluviais, é delegada a pessoal com pouca experiência e até mesmo a prospectores superficialmente treinados. Em alguns países, essa tarefa é desempenhada pelos geólogos do projeto, tal é a importância que é dado a esse trabalho.
Em qualquer circunstância, o geólogo responsável por um projeto de prospecção mineral, deve assumir uma função de fiscalização e treinamento constantes de suas equipes, em especial e principalmente quando se trata da coleta de amostras de sedimentos fluviais, que eu considero as mais importantes do processo de prospecção geoquímica. A questão fica ainda mais crítica quando o serviço de coleta de amostras é "terceirizado" e entregue a uma empresa contratada.
É necessário ter sempre em mente que uma amostra de sedimentos fluviais representa uma bacia e não o local de coleta. Desse modo, uma amostra de sedimentos fluviais adquire uma importância individual muito grande, pois dentro de apenas uma bacia hidrográfica - mesmo que seja uma micro bacia - pode existir um depósito mineral. Dependendo da qualidade dos dados produzidos, o depósito pode ser identificado ou não. Por outro lado, uma anomalia geoquímica pode ser produzida pela soma dos erros amostrais, analíticos e aleatórios, induzindo ao erro da presença de um alvo exploratório inexistente, ou seja um falso positivo.

Fica assim claríssima a necessidade do investimento nos procedimentos de controle de qualidade nos projetos de prospecção geoquímica, que passam obrigatoriamente por três ítens básicos:

(1) controle do desempenho do laboratório ao longo do tempo - monitorado por séries de amostras padrão;
(2) controle dos procedimentos de coleta de amostras - avaliado por pares de amostras originais e replicatas;
(3) controle dos procedimentos de precisão analítica - avaliado por pares de amostras originais e duplicatas.

Não importa se o laboratório contratado  é de qualidade reconhecida e certificado internacionalmente - é necessário fiscalizar seu desempenho ao longo do tempo. Não importa se o seu amostrador é de confiança - é necessário monitorar seus procedimentos constantemente
Os erros que acontecem num banco de dados de prospecção geoquímica são o resultado do somatório de erros amostrais, analiticos e aleatórios. Se em cada amostra tivermos uma imprecisão de 15% em cada termo dessa equação, imagine a dimensão do erro final.
Por esse mnotivo eu insisto: o controle da qualidade deve ser uma busca diária e constante.