quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Troca de dados por taxas

Recebi de um colega uma idéia de redução do montante das taxas pagas pelas empresas ao DNPM pela troca com os dados de exploração.
Após utilizados em benefício de seus projetos, as empresas poderiam entregar seus bancos de dados geoquímicos, geofísicos e de sondagens que passariam a integrar um grande banco de dados nacional.
Esses dados sofreriam uma rígida crítica quanto a posicionamento e veracidade (mediante a apresentação dos boletins analíticos e dos resultados originais dos levantamentos e sondagens emitidos pelas empresas prestadoras de serviços) e teriam um formato pré estabelecido para serem agregados a esse grande banco de dados nacional.
Assim, na medida em que uma área já pesquisada e abandonada pelo detentor, despertasse atenção de outro interessado, os dados produzidos e arquivados serviriam de referência inicial para os novos trabalhos.
Esses dados seriam avaliados com base no valor de mercado, que seria creditado numa conta da empresa produzindo uma redução significativa das taxas e tributos relativos à manutenção de áreas para pesquisa mineral.

Me pareceu uma excelente idéia para todos os atores envolvidos.

Curso de Tratamento de Dados

Passei a semana de 18 a 22 de outubro em Belo Horizonte, ministrando um curso patrocinado pela ADIMB - Agência Para o Desenvolvimento da Indústria Mineral Brasileira, para 24 geólogos e técnicos de empresas privadas de grande médio e pequeno porte e orgãos estatais. Tentei equilibrar as aulas expositivas com as aulas práticas, de forma a dar uma visão geral sobre técnicas de tratamento e representação gráfica de dados de exploração geoquímica e também técnicas de controle de qualidade. Considero que houve uma boa troca de experiências. Pelo menos eu aprendi bastante com as questões práticas e problemas de campo apresentados e discutidos pelos alunos.
Re-encontrei  um colega, hoje gerente de exploração de uma empresa privada, que me prometeu recuperar informações e resultados sobre o uso de termiteiros em exploração geoquímica  para postar aqui nesse blog. Vamos aguardar por esse material pois são experiências enriquecedoras e pouco divulgadas.

sábado, 16 de outubro de 2010

Olha o Centro-Oeste aí, minha gente !

A propósito de técnicas não convencionais de exploração geoquímica, encontrei um resumo interessante sobre a utilização de amostragem de termiteiros para exploração de ouro na África Ocidental. O primeiro autor, Claude Roquin foi meu orientador no estágio que fiz em 1992 no Centro de Geoquimica da Superfície na Universidade Louis Pasteur em Strasbourg. Seus co-autores são todos "da pesada": Ph. Freyssinet, A. Novikoff e Y.Tardy. Foi publicado no Boletim do BRGM que reportou os principais resultados científicos e tecnológicos do BRGM em 1990-1991. Aqui vai um pequeno resumo de "Géochimie des termitières et des sols sur cuirasse: application à la prospection géochimique de l'or en Afrique de l'Ouest".
Na Africa Ocidental, os termiteiros são muito frequentes e estudos recentes mostram que eles desempenham um papel importante na pedogênese dos perfis lateríticos. Os termiteiros que sobressaem do solo, são geralmente construidos a partir de materiais argilosos, siltosos ou arenosos finos, recolhidos em profundidade e trazidos à superfície. Nos platôs com couraças lateríticas, a fonte principal de material fino se encontra a vários metros de profundidade, abaixo da couraça, na região do saprolito. Os termiteiros são erodidos, seu material é lixiviado nas estações chuvosas, transportado e redepositado nas depressões da topografia. O processo de dispersão mecânica e o de formação de solos argilo-siltosos foram postos em evidência no estudo comparativo com materiais diferentes (saprolito e solos de termiteiros) na região de kangaba, Mali.
Esse modelo de dispersão em ambiente laterítico foi estudado nas vizinhanças de uma mineralização aurífera, com o objetivo de testar a representatividade da composição química dos termiteiros, assim como a sua viabilidade de uso no conjunto de técnicas de prospecção geoquimica em ambiente de couraças lateríticas.
Os termiteiros foram amostrados em uma área de 1 km2, em malha de 100 x 50 m, que se superpôs a uma campanha precedente de prospecção geoquímica de solos e couraças. Dois tipos de termiteiros foram identificados:
(a) grandes termiteiros conicos (> 1 m de altura) chamados de termiteiros catedral, mais frequentes nas zonas florestadas e correspondendo ao gênero Macrotermes







 (b) os termiteiros cogumelos, mais comumente atribuídos ao gênero Cubitermes.






(Imagem de  http://www.animalpicturesarchive.com/ArchOLD-2/1108831545.jpg)

A comparação dos dois tipos de termiteiros mostra um teor de C orgânico mais importante nos do gênero Cubitermes, o que se traduz igualmente em teores de P2O5 mais elevados. A posição geomorfológica constitui, da mesma forma, um fator de diferenciação: os termiteiros amostrados nas porções elevadas dos platôs, são mais ricos em caulinita (55%) e em óxidos de ferro (10%) e empobrecidas em quartzo (35%) em comparação com os terrmiteiros situados nas zonas argilo-siltosas das depressões (caolinita = 20%, óxidos de ferro = 3%, quartzo = 75%). Esse fenômeno se observa nas cartas geoquímicas, de um gradiente de composição química dos termiteiros relacionado com a altitude e a geomorfologia. Uma grande quantidade de elementos traço está associada à caolinita e óxidos de ferro (K, Ba, Cr, V, As, Cu, P, Sr, Zn, Mn) variando ao contrario do quartzo e Zr. Outros elementos  (Ti, Co, Y, Nb e Ce) são independentes e se enriquecem nas zonas de incisão da couraça.
A comparação das imagens geoquímicas obtidas a partir das amostras de termiteiros e de solos, mostram que o corpo mineralizado sob a couraça fica melhor caracterizado pelos teores anômalos de Au e As nos termiteiros quando comparados com os da couraça. Outros elementos (B, K, Ba, Sr, Cd, Pb, Cu) também mostram anomalias nos termiteiros ao redor da mineralização. O halo de dispersão é mais amplo e melhor contrastado nos termiteiros comparados com as couraças. Os teores de Au são mais regulares mostrando também uma redução do efeito pepita.

Eu gostaria muito de postar um  relato com a experiência de algum leitor sobre esse tema.

domingo, 3 de outubro de 2010

Livros ...

É ainda possível chorar sobre as páginas de um livro, mas não se pode derramar lágrimas sobre um disco rígido.

José Saramago (1922 - 2010)