A propósito de técnicas não convencionais de exploração geoquímica, encontrei um resumo interessante sobre a utilização de amostragem de termiteiros para exploração de ouro na África Ocidental. O primeiro autor, Claude Roquin foi meu orientador no estágio que fiz em 1992 no Centro de Geoquimica da Superfície na Universidade Louis Pasteur em Strasbourg. Seus co-autores são todos "da pesada": Ph. Freyssinet, A. Novikoff e Y.Tardy. Foi publicado no Boletim do BRGM que reportou os principais resultados científicos e tecnológicos do BRGM em 1990-1991. Aqui vai um pequeno resumo de "Géochimie des termitières et des sols sur cuirasse: application à la prospection géochimique de l'or en Afrique de l'Ouest".
Na Africa Ocidental, os termiteiros são muito frequentes e estudos recentes mostram que eles desempenham um papel importante na pedogênese dos perfis lateríticos. Os termiteiros que sobressaem do solo, são geralmente construidos a partir de materiais argilosos, siltosos ou arenosos finos, recolhidos em profundidade e trazidos à superfície. Nos platôs com couraças lateríticas, a fonte principal de material fino se encontra a vários metros de profundidade, abaixo da couraça, na região do saprolito. Os termiteiros são erodidos, seu material é lixiviado nas estações chuvosas, transportado e redepositado nas depressões da topografia. O processo de dispersão mecânica e o de formação de solos argilo-siltosos foram postos em evidência no estudo comparativo com materiais diferentes (saprolito e solos de termiteiros) na região de kangaba, Mali.
Esse modelo de dispersão em ambiente laterítico foi estudado nas vizinhanças de uma mineralização aurífera, com o objetivo de testar a representatividade da composição química dos termiteiros, assim como a sua viabilidade de uso no conjunto de técnicas de prospecção geoquimica em ambiente de couraças lateríticas.
Os termiteiros foram amostrados em uma área de 1 km2, em malha de 100 x 50 m, que se superpôs a uma campanha precedente de prospecção geoquímica de solos e couraças. Dois tipos de termiteiros foram identificados:
(a) grandes termiteiros conicos (> 1 m de altura) chamados de termiteiros catedral, mais frequentes nas zonas florestadas e correspondendo ao gênero Macrotermes
(b) os termiteiros cogumelos, mais comumente atribuídos ao gênero Cubitermes.
(Imagem de http://www.animalpicturesarchive.com/ArchOLD-2/1108831545.jpg)
A comparação dos dois tipos de termiteiros mostra um teor de C orgânico mais importante nos do gênero Cubitermes, o que se traduz igualmente em teores de P2O5 mais elevados. A posição geomorfológica constitui, da mesma forma, um fator de diferenciação: os termiteiros amostrados nas porções elevadas dos platôs, são mais ricos em caulinita (55%) e em óxidos de ferro (10%) e empobrecidas em quartzo (35%) em comparação com os terrmiteiros situados nas zonas argilo-siltosas das depressões (caolinita = 20%, óxidos de ferro = 3%, quartzo = 75%). Esse fenômeno se observa nas cartas geoquímicas, de um gradiente de composição química dos termiteiros relacionado com a altitude e a geomorfologia. Uma grande quantidade de elementos traço está associada à caolinita e óxidos de ferro (K, Ba, Cr, V, As, Cu, P, Sr, Zn, Mn) variando ao contrario do quartzo e Zr. Outros elementos (Ti, Co, Y, Nb e Ce) são independentes e se enriquecem nas zonas de incisão da couraça.
A comparação das imagens geoquímicas obtidas a partir das amostras de termiteiros e de solos, mostram que o corpo mineralizado sob a couraça fica melhor caracterizado pelos teores anômalos de Au e As nos termiteiros quando comparados com os da couraça. Outros elementos (B, K, Ba, Sr, Cd, Pb, Cu) também mostram anomalias nos termiteiros ao redor da mineralização. O halo de dispersão é mais amplo e melhor contrastado nos termiteiros comparados com as couraças. Os teores de Au são mais regulares mostrando também uma redução do efeito pepita.
Eu gostaria muito de postar um relato com a experiência de algum leitor sobre esse tema.