No período de 8 a 11 de maio estive na região de West Eifel. Foi lá que o termo maar foi cunhado para identificar centros eruptivos com eventos explosivos produzidos pela interação entre o magma básico em ascensão com sistemas aquíferos profundos. A idade varia entre 16.000 e 11.000 anos. As rochas regionais são arenitos e calcários devonianos e o magma, basáltico alcalino - com cristais de flogopita de até 3 cm de diâmetro e belos cristais de olivina e augita. Três fases da história de cada um dos 250 centros eruptivos está expressa nos depósitos vulcanoclásticos e diques/derrames. A primeira fase é a de abertura do maar e os depósitos são pouco consolidados, espessos, de granulometria variada - desde cinza até blocos predominantemente de rocha regional - e compostos por conjuntos granodecrescentes com estratificação plano paralela ou cruzada. A segunda fase representa a atividade estromboliana e os depósitos são muito semelhantes porém constituídos principalmente por clastos de basalto (Figura 1 abaixo dos depósitos do Pulvermaar). A maior bomba de Eifel (que na verdade é um enorme bloco) está na Figura 2 abaixo. Nos depósitos dessas duas fases são frequentes os xenólitos de peridotito e piroxenito mantélicos e de rocha regional. No Museu de Daum, há uma vitrine com clastos decimétricos de arenito (idêntico ao nosso arenito Botucatu) com a superfície vitrificada do contato com o magma e agua em estado supercrítico (Figura 3 abaixo). A terceira fase é expressa pelos diques alimentadores e derrames. A quarta fase é a atual e é representada por gêiseres frios, nos quais a água dos sistemas aquíferos locais esguicham movidas por CO2 mantélico - degaseificação do manto. São mais de 250 centros eruptivos dos quais 10 são lagos (Figura 4 abaixo do Schalkenmehren maar) e muitos outros já estão preenchidos por sedimentos recentes e o solo é muito fértil e utilizado para agricultura.
O meu guia foi Peter Bitschene, um experiente geólogo, cuja área de tese de doutorado foram os basaltos do Paraguai e que atualmente trabalha no Museu de História Natural de Gerolstein e no Museu de Vulcanismo de Daum.
É evidente que as particularidades do tipo de magma, das características rocha regional e dos sistemas aquíferos locais não são idênticas, mas depois dessa visita, fiquei com a certeza que o modelo do hidrovulcanismo que estamos aplicando para a Província Ígnea do Paraná é consistente e que esse tipo de vulcanismo explosivo ocorreu extensiva e recorrentemente na província.
sábado, 2 de agosto de 2014
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