sábado, 7 de agosto de 2010

Projeto Geomedicina no Paraná

As aplicações mais impressionantes dos resultados de levantamentos geoquímicos (não todos, é verdade) acontecem na geomedicina e a geologia médica. Eu tenho o orgulho de fazer parte da equipe do Projeto Geomedicina no Paraná.
Esse projeto é o resultado da visão de um médico excepcional, Dr. Bonald Figueiredo, coordenador científico do Instituto Pelé-Pequeno Príncipe com apoio de uma grande equipe de médicos, geólogos, informáticos, técnicos de laboratório. Esse Instituto que se dedica à pesquisa da saúde da criança e do adolescente, é o resultado feliz da associação do Hospital Pequeno Príncipe, um dos maiores e melhores hospitais pediátricos da América Latina, localizado em Curitiba, com a marca Pelé, elemento poderoso na captação de recursos financeiros.
O Dr. Bonald pesquisa há muitos anos a mutação do gene que dá origem ao tumor de cortex adrenal, que  nas crianças do Paraná tem uma incidência muitas vezes superior a outras regiões do mundo onde é pesquisado e notificado. O diagnóstico precoce da mutação é importantíssimo para o acompanhamento e o tratamento, de forma a evitar os problemas e sequelas na adolescência e na vida adulta.
Minha partipação nesse projeto se dá pela coordenação e execução de um levantamento geoquímico em todo território do Paraná, com 740 estações de amostragem onde são coletadas informações e medidas no próprio local bam como diversos tipos de amostras de água e sedimentos fluviais, que darão o suporte da geoquímica ambiental para a pesquisa das relações de causa-efeito de moléstias. Alguma anomalias geoquímicas podem despertar a atenção de médicos para problemas ainda não estudados mas cuja etiologia seja ambiental. Nos próximos dias vou postar um texto sobre esse levantamento geoquímico que está sendo executado pela equipe da Mineropar - Serviço Geológico do Paraná com a cooperação do Serviço Geológico Nacional - CPRM.
O site do IPPP contém algumas apresentações (um pouco desatualizadas) mas que dão uma boa idéia da abrangência e poder do nosso Projeto Geomedicina no Paraná.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Reencontros

À direita você encontrará o quadro "Geólogos brasileiros" onde estão os links para as relações geólogos graduados nos cursos de geologia de universidades brasileiras.
Aproveite para relembrar os colegas e marcar um encontro de sua turma para o final de 2011.
Se a sua universidade não tem uma relação disponível na internet, reclame com a secretaria do Curso de Geologia. Se você tiver um link para incluir, mande uma mensagem para olicht@yahoo.com.br

domingo, 1 de agosto de 2010

Comportamento de metais ao redor de depósitos minerais

Volto à cena, depois de um mês "fora do ar". As frequentes campanhas de campo no mapeamento geológico do Grupo Serra Geral impedem que eu consiga postar matérias com maior freqüência.
 
Uma pergunta que sempre desperta o interesse nos gequímicos de exploração é "como se comportam os metais nas vizinhanças de depósitos minerais ?". Esse comportamento tem influência direta em diversos aspectos da exploração geoquímica, quando busca-se otimizar processos para maximizar a resposta de mineralizações.  A maximização da resposta pode ser também compreendida como a acentuação do contraste entre áreas mineralizadas e áreas estéreis (ou não produtivas) envolventes. A seleção de diversos fatores, interfere não apenas na acentuação dos contrastes (o que facilitará a caracterização do alvo de interesse) mas também na economicidade de uma campanha de exploração geoquímica.
 
Densidade amostral - campanhas superdimensionadas (com densidade amostral excessiva) custarão caro demais e as campanhas subdimensionadas (densidade amostral rarefeita) poderão não detectar o alvo.
 
Fração granulométrica - de maneira geral, os metais solúveis concentram-se nas frações finas (menores que silte) e os metais resistentes comportam-se como resistatos concentrando-se nas frações pesadas.
 
Ataques químicos ou aberturas - ataques fortes ou fusões indicarão o teor total do metal, mesmo aquela parcela não relacionada com a mineralização. Ataques parciais ou seletivos indicarão o teor do metal que está associado com a matéria orgânica, com os óxidos de Fe e/ou Mn, ou em fase sulfetada
 
Técnica de determinação - atualmente a maioria dos metais de interesse é determinada por espectrometria de massa com plasma por indução (ICP-MS), mas muitos dos elementos importantes têm técnicas específicas como eletrodo de íon específico, e fluorescencia de raios X
 
Limites inferiores de detecção - se o procedimento analítico for mal especificado, corremos o risco de receber do laboratório muitas páginas de boletins de resultados recheadas de valores, p.ex. < 5 ppm.
 
Por esses motivos, são fundamentais os trabalhos como "Behaviour of base metals around ore deposits: application to geochemical prospecting in temperate climates" de E. Wilhelm, L. Laville-Timsit, M. Leleau, F. Cachau-Herreillat e H. Capdecomme, publicado nos anais do Geochemical Exploration 1978, Golden, Colorado. É o seguinte o resumo desse artigo:
A dispersão secundária dos metais-base foi seguida nas vizinhanças de depósitos minerais, todos nas condições de clima temperado da França, por meio da coleta e análise de diversos tipos de amostras, como: rocha sã e intemperisada, solo, sedimentos e águas fluviais, concentrados de bateia. Esse programa de amostragem investigou completamente o processo de dispersão desde os materiais primários até os materiais transportados em solução pelas correntes.
A amostras foram fracionadas por diversoas técnicas como granulométricas, densidade, e separação magnética e analisadas para diversos elementos. As frações mineralógicas obtidas foram examinadas por microscopia óptica, microssonda e difração de raios X.
As fases principais que contêm os metais usualmente analisados em amostras de prospecção geoquímica, são:
  • hidróxidos de Fe, as vezes associados com Mn; em zonas anômalas, geralmente mais que 50% do conteúdo metálico está presente nessa fase;
  • minerais primários e supérgenos;
  • matéria orgânica ligada ao Fe.
 Em todos os casos, a fração "hidróxido de Fe" que está diretamente relacionada com o intemperismo dos sulfetos (gossans), aparece nas rochas ainda nos primeiros estágios da alteração superficial. A fração de hidróxido de Fe é então mecanicamente dispersada e diluída nos produtos estéreis, porém ainda predomina na definição das anomalias geoquímicas.
Essa informação leva ao aperfeiçoamento dos métodos de exploração geoquímica. Por exemplo, a fase "hidróxido de Fe" pode ser separada por suas propriedades paramagnéticas; sua análise mostra um crescimento significativo nos teores de metais dos valores anômalos (x4) assim como no contraste das anomalias (x3). Infelizmente, nota-se apenas um leve crescimento na dimensão das anomalias.
Em comparação com os métodos tradicionais de análise da fração fina completa, a melhor definição e seleção de anomalias significativas obtidas com essa análise parcial permitem adotar uma malha de amostragem menos densa. Essa melhoria significativa deve ser no entanto, comparada com o aumento do custo de preparação e análise das amostras, com relação as frações convencionais.